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LandMarks Series

Por Rebecca Moradalizadeh

LandMarks Series, apresenta-se como um projeto de cariz autobiográfico que tenho vindo a desenvolver desde 2015 sobre a minha identidade iraniana, enquanto filha de pai iraniano.
Nascida em Londres, de mãe portuguesa/cristã e pai iraniano/muçulmano, a oficialização laica desta união em 1989 não foi reconhecida segundo os parâmetros jurídicos da República Islâmica do Irão. Este não reconhecimento veio mais tarde a inviabilizar a atribuição da nacionalidade iraniana às descendentes desta união e consequentemente impedir a sua entrada no país.
Passado 25 anos, entre 2015 (início do processo de reconhecimento da cidadania iraniana) e 2019 (finalização do processo e reconhecimento da cidadania), e após algumas tentativas anteriores deu-se início à abertura de um processo na Embaixada do Irão em Lisboa com o objetivo de preencher uma lacuna legal existente na Lei da República Islâmica do Irão validando assim essa descendência.

Para tal foi necessária a concretização de um casamento oficial islâmico dos meus pais na mesquita em Lisboa, assim como a conversão ao Islamismo de todos os membros com apelido iraniano, neste caso mãe e filhas.

No meio de tanta incerteza, a de não saber se alguma vez iria obter a cidadania que aprovaria a minha entrada naquele território, decidi criar um conjunto de trabalhos quase diarísticos que relatariam todo o processo moroso que me distanciava daquele local, já por si geograficamente longínquo.
LandMarks Series é um projeto autobiográfico e sensorial que se manifesta sob diferentes tempos – passado, presente e futuro – focando-se sobre questões de identidade, género, território, memória, arquivo, viagem e família explorando o campo das artes visuais, performance art e gastronomia, estas últimas sob a forma de “Jantares-performance” tendo por base o ritual performativo e a experiência gastronómica.
A primeira viagem realizada ao Irão em 2019, permitiu-me entender e aproximar das minhas origens paternas possibilitando uma (re)ligação a um território que até então só existia de forma idealizada, como uma ficção, alimentada por narrativas e memórias familiares. Esta experiência desconstruiu todo o imaginário criado à distância, expondo uma panóplia de novos sentimentos e sensações, proporcionando simultaneamente a reconfiguração e reconstrução da minha identidade enquanto mulher portuguesa e iraniana.

 

Nota: Recomenda-se a leitura na íntegra do texto escrito para o Inland Journal de forma a complementar os conteúdos e práticas atuais do projeto LandMarks Series. Disponível em: http://inland-journal.com/jornal/658/

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